A volatilidade nos preços da energia elétrica será uma marca constante em 2025, resultado da adoção de novos parâmetros no modelo de aversão ao risco (CVaR). As alterações tornam o modelo mais sensível a mudanças nas condições hídricas, o que já gerou oscilações expressivas nos preços e deve pressionar as bandeiras tarifárias nos próximos meses.
A combinação 15/40 de alfa e lambda, vigente desde janeiro, substituiu os parâmetros anteriores (25/35). Isso intensificou a resposta do modelo aos 15% dos cenários mais extremos, elevando os riscos e, consequentemente, os preços. Segundo Renato Mendes, da Ultragaz Comercializadora, trata-se de uma “tempestade perfeita sem água”, já que os meses de fevereiro e março foram mais secos que o normal.
Impacto dos Modelos e Expectativas de Mercado
Estudos combinando o Newave híbrido com o novo CVaR indicam uma propensão maior à elevação dos preços diante de qualquer variação nas vazões. As simulações sugerem preços médios de R$ 380/MWh no segundo semestre, podendo atingir até R$ 400/MWh se o período seco for mais severo.
Segundo Pedro Vidal, da Light Com, a recomendação para os consumidores é clara: antecipar a compra de energia. “Se ficarmos duas ou três semanas sem chuva, o modelo dispara e os preços sobem rapidamente”, explica.
Consulta Pública e Ação Institucional
A Abraceel enviou uma solicitação ao MME para abertura de consulta pública, buscando discutir a revisão dos parâmetros do CVaR. A entidade defende critérios objetivos e transparentes para futuras mudanças, com foco em previsibilidade e estabilidade.
Enquanto isso, o CMSE aprovou, no início de abril, uma consulta para estabelecer rituais e prazos formais para alterações no nível de aversão ao risco utilizado nos modelos computacionais.
Sinais de Mercado e Risco de Inadimplência
Segundo Eduardo Rossetti, da BBCE, os preços para o produto de abril subiram de R$ 98,51/MWh no fim de 2024 para R$ 251,64/MWh em fevereiro de 2025. A energia para 2026, por exemplo, saltou de R$ 151,49/MWh (mar/24) para R$ 233,89/MWh (mar/25).
Apesar da volatilidade atrair especuladores, o mercado exige segurança e liquidez para se desenvolver. A confiança dos agentes ainda é afetada por restrições de crédito e riscos de inadimplência, resquícios de crises recentes no setor.
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